Em 23 de outubro de 1943, o navio Campos, da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, foi atacado e afundado pelo submarino alemão U-170 no litoral norte do Estado de São Paulo. O incidente resultou na morte de doze pessoas e marcou o fim de quase cinquenta anos de serviço da embarcação.
Construído em 1895 no estaleiro Blohm & Voss, na Alemanha, o navio iniciou sua carreira com o nome Asuncion. Atuou por décadas na rota entre Hamburgo, Santos e a Argentina, transportando imigrantes europeus e cargas como café e algodão. Com 114 metros de comprimento, acomodava até 464 passageiros e navegava a uma velocidade média de 10 nós.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Asuncion foi requisitado pela marinha alemã para atuar como navio auxiliar, auxiliando o cruzador Karlsruhe no Atlântico Sul. Transportava carvão, prisioneiros e mensagens secretas. Após o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha em 1917, o navio foi confiscado pelo governo brasileiro e passou a se chamar Campos, integrando a frota do Lloyd Brasileiro.
Na década de 1920, durante as revoltas tenentistas, o Campos foi utilizado como navio-prisão na Baía de Guanabara, abrigando presos comuns e políticos sob condições rigorosas, conforme relatos históricos.
Na última viagem, o navio levava 63 pessoas com destino ao sul do Brasil. Próximo ao arquipélago de Alcatrazes, no litoral norte paulista, foi atingido por dois torpedos disparados pelo submarino U-170. O primeiro impacto danificou os motores, fazendo o navio perder o controle, e o segundo provocou o afundamento rápido da embarcação. Durante a evacuação, duas embarcações salva-vidas foram destruídas pelas hélices ainda em movimento, aumentando o número de vítimas.
No total, doze pessoas não sobreviveram. O Campos foi o 34º navio brasileiro atacado durante a Segunda Guerra Mundial e o último civil a ser afundado. O submarino U-170 resistiu até o fim do conflito, mas foi destruído na Operação Deadlight, ação dos Aliados para eliminar os submarinos alemães capturados.
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