Indústrias Matarazzo: a marca da revolução industrial paulistana.

Nos anos 1920, o bairro da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, se consolidou como um polo de modernização industrial. Foi ali que as Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM) instalaram um grande complexo integrado, que ia do processamento de matérias-primas à produção final, reunindo diferentes fábricas e serviços em um único núcleo.
O conjunto contava com geração própria de energia, por meio da Casa das Caldeiras e da Casa do Eletricista, e possuía um ramal ferroviário interno que conectava as unidades, agilizando o transporte de materiais e reduzindo custos em plena era do trem de carga.
O complexo abrigava uma diversidade impressionante de atividades: produção de pregos, refinaria de açúcar, entreposto frigorífico, serraria, carpintaria e marcenaria, fabricação de carrocerias, frota e seção de transportes, produção de giz, soda cáustica, graxa, destilaria de álcool, sacarias, óleos industriais para uso próprio, oficina mecânica, fundição, além de linhas de velas, margarinas e sabonetes. Era, na prática, uma “cidade-fábrica”, planejada para reduzir dependências externas e ampliar a produtividade.
A trajetória do complexo acompanhou a ascensão e o declínio do grupo Matarazzo. Em 1983, as IRFM entraram em concordata, e as instalações da Água Branca começaram a ser esvaziadas. Entre 1985 e 1986, pedidos de proteção patrimonial resultaram no tombamento parcial do conjunto pelo Condephaat. Entre os remanescentes mais conhecidos estão a Casa das Caldeiras, hoje transformada em espaço cultural, e a Casa do Eletricista, símbolos da memória industrial da cidade.
O fechamento do complexo não apagou sua importância para a história da cidade. O Núcleo Industrial da Água Branca representou uma época de inovação, eficiência logística e crescimento econômico, consolidando São Paulo como referência na industrialização do Brasil.
Fotografia: Indústrias Matarazzo no início dos anos 1920. As caldeiras, vindas da Europa e fabricadas na Inglaterra, eram responsáveis pela produção de energia do complexo industrial.
Revitalização: E.F.M.


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